Candidatos precisam identificar habilidades, limitações,
participar de feiras de profissões e conversar com profissionais que
estão no mercado de trabalho
Em
pouco menos de um mês, milhares de candidatos farão as provas do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem), no qual, além de responder a questões
de química, história e matemática, terão de escolher que profissão
seguir. Enquanto, para uns, a escolha não é difícil, para outros será
cercada de dúvidas e anseios.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil dão dicas
que podem ajudar os candidatos no momento de optar por uma profissão.
Eles sugerem, por exemplo, que os candidatos procurem identificar
habilidades, limitações, participar de feiras de profissões e conversar
com profissionais que estão no mercado de trabalho. Para os
especialistas, ouvir a opinião dos pais também pode ser importante nessa
etapa.
“A escolha da profissão envolve vários aspectos: é importante
trabalhar o autoconhecimento, identificar o tipo de perfil de
personalidade, habilidades, aptidões, preferências, interesses e até
mesmo limitações”, diz a psicóloga Gilvanise Guliczou. Especializada em
psicoterapia e orientação vocacional, Gilvanise alerta que o estudante
tem de levar em conta aquilo de que não gosta, porque isso poderá
interferir no exercício da profissão.
Gilvanise recomenda que o estudante analise o tipo de ambiente de
trabalho de cada atividade, avalie se prefere atuar sozinho ou com
muitas pessoas, se prefere trabalhar com máquinas, animais ou plantas.
“É preciso pensar em tudo o que prende sua atenção, Até mesmo um hobby pode se transformar em profissão, desde que bem conduzido”, acrescentou a psicóloga.
O coach (treinador) Márcio Micheli aconselha jovens e
adultos a conhecer a atividade profissional da área de seu interesse,
conhecer pessoas que trabalham nela. “Busque conhecer o que esse
profissional faz, onde ele pode atuar, quem são as pessoas beneficiadas
pelo trabalho dele, em que área a atividade o que ele faz vai impactar.”
Para Micheli, os estudantes precisam ficar atentos aos critérios
usados no momento da escolha. Ele lembra que muitas pessoas optam por
uma profissão levando em consideração o interesse econômico, e não a
aptidão. “É comum ver filho de médico querendo fazer medicina porque viu
as recompensas que os pais obtiveram, achou interessante, e então
desistiu de descobrir sua aptidão e foi fazer o que era interessante.”
Por isso, descobrir a vocação pela aptidão é muito difícil, porque
quando a pessoa chega à idade de fazer a escolha, o que é interessante
já é muito forte, acrescentou Micheli. “E o que é interessante é ganhar
dinheiro. Aptidão é fazer o que você gosta.”
Uma vez escolhida a profissão, o doutor em educação Silvio Bock, que
defendeu tese em orientação vocacional, destaca que o estudante não deve
pensar que esta é uma escolha definitiva e sem possibilidade de
mudança. “Pensar a profissão [como se fosse] para o resto da vida é
pensar que não há história, que a economia será sempre a mesma, que o
jeito de ser será sempre o mesmo.”
Bock lembra que as pessoas mudam muito em função da realidade, da
vivência. “O estudante não está definindo o resto da sua vida, está
definindo o ponto de partida do resto da sua vida”, ressalta o educador,
ao falar das escolhas para o Enem.
A participação e orientação da família também é defendida pelos
especialistas. De acordo com Silvio Bock, os pais precisam encontrar um
meio de orientar sem pressionar. “Os pais têm todo direito de colocar
suas posições e, se possível, fazer isso de forma dialogada. Se têm
quanto à escolha profissional do filho, devem expor sua opinião, não
esperando que ele obedeça cegamente, mas que tenha mais elementos para
refletir e até refutar a posição do pai.”
A opinião é compartilhada pela psicóloga Gilvanise Gulicz. Para ela, é
importante os pais encontrarem o meio termo para ajudar o filho, sem
impor uma profissão a ele e sem abandoná-lo para que escolha sozinho.
As provas do Enem serão aplicadas nos dias 8 e 9 de novembro e o
exame tem 8,7 milhões de inscritos. A nota do Enem pode ser usada pelo
estudante para participar de programas como o Sistema de Seleção
Unificada (Sisu), que classifica alunos para vagas no ensino superior
público, e o Universidade para Todos (ProUni), que oferece bolsas em
instituições privadas.
Fonte: Portal EBC
Nenhum comentário:
Postar um comentário