Rio Bananal é um pequeno
município localizado no estado do Espírito Santo cujo principal produto
agrícola é o café. É um município com poucos atrativos, confesso. Mas os poucos
que tem são, para mim, símbolos da minha história de vida.
Sempre morei em um local
privilegiado da cidade, em frente à igreja de Santo Antônio que cresci ouvindo
ser a segunda mais bonita do estado do Espírito Santo. De hora em hora eu ouvia
as badaladas do relógio da igreja marcar o tempo em algarismos romanos, o que
me incentivou na época em que eu cursava o ensino fundamental, a aprender a
reconhecer as horas em ponteiros e a ler os algarismos romanos. Encantava-me
todas as vezes em que ouvia alguém informar as horas naquele relógio e aprendi
isso desde muito cedo. Vigiava as noivas passarem aos sábados e sonhava com o
dia em que eu me casaria, naquela igreja.
Na adolescência cheguei a pensar
até na possibilidade de troca dos ponteiros em romanos pelos números arábicos
em digital, tão mais práticos! Quase cedi aos modismos típicos da minha idade,
naquela época. Cheguei a me “irritar” com o volume dos discos que tocavam em
frente à janela do meu quarto anunciando o horário da missa quando eu queria
dormir até mais tarde numa manhã preguiçosa de domingo. Força dos hormônios,
aquela fase passou.
Não sou mais criança, não sou
mais adolescente e agora já adulta, casada nessa mesma igreja, moro ainda nesse
privilegiado lugar, apesar de já ter tido oportunidade de sair dali, construi
meu lar bem pertinho de onde sempre morei durante toda a minha juventude. Hoje
eu me encanto com os badalos do sino e com o volume dos, agora, CDs que me
acordam aos domingos me proporcionando a alegria de poder relembrar a minha
história.
Fico emocionada em saber que
poderei ensinar à minha filha os algarismos romanos e as horas nos ponteiros do
mesmo relógio em que eu aprendi, sem falar que hoje me lembro de fazer algo que
em muitos momentos da minha ingênua juventude não fazia, benzer-me diante da
imagem da Nossa senhora que tem em seus braços o Menino Jesus. Eles ficam, e
sempre ficaram, bem em frente ao meu portão e me abençoam com um bom dia todas
as manhãs.
Autoria: Marcela Gerlin Vaneli Paneto
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