HOMENAGEM DAS PASTORAIS DA EDUCAÇÃO E UNIVERSITÁRIA
DA DIOCESE DE COLATINA
ORAÇÃO DO ESTUDANTE
Aprender é um dom precioso. Desde o
primeiro dia aqui, estou aprendendo. Os professores ensinam as lições. Lições
são aprendidas nos livros lidos e relidos. Lições são ensinadas nos trabalhos,
projetos. Lições são partilhadas na delicada arte de conviver.
Cada estudante traz em si um grande tesouro. Ninguém é tábua rasa. Ninguém é
vazio. Somos todos gigantes em potencial. Aqui chegamos e começamos. Começamos
a manifestar quanto temos para oferecer. Quanto temos para receber.
Somos rebeldes, Senhor! Alguns manifestam uma agressividade desmedida. Não são
maus. São carentes. Desejosos de atenção. Contestam sem o menor motivo, apenas
para afirmar sua presença. Sofrem da falta de atenção. Sofrem da falta de
família. Sofrem da falta de sonho.
Somos rebeldes. Outros têm a boa inconformidade com as injustiças e ousam mudar
o mundo. Mesmo que seja o mundo da escola ou da sala de aula. São
revolucionários de uma boa causa. Oferecem o vigor da juventude para lutar por
um novo amanhã.
Somos diferentes, Senhor! Carregamos em nossa memória a bagagem depositada
desde os primeiros instantes da convivência. Mãe, pai, irmão, irmã, avô, avó,
tio, tia, primo, prima, amigos. Há um pouco de cada um de nós. Somos produtos
do meio. E o meio que nos molda não retira nossa identidade.
Eis o desafio do estudante
sonhador: empreender uma batalha diária entre o mundo exterior e o mundo
interior. Aproveitar o que há de bom fora de nós e transformar o que deve ser
transformado, buscando a força que nos habita.
Somos estudantes. Corajosos, cheios de charme e de vida. Somos jovens. E não
nos preocupamos muito com o que há de vir depois. Não pensamos ainda no
envelhecimento, na morte. Parece tudo tão distante. A estrada está apenas
começando, e o horizonte parece não ter fim.
E é essa valentia que às vezes nos faz inconsequentes. É essa valentia que nos
lança a uma busca incessante de liberdade. E quantas vezes essa busca desemboca
em becos sombrios. E a liberdade se faz armadilha e, na viagem sem volta, nossa
inocência se dissipa. Drogas que nos oferecem. Droga de vida transformada pela
falta de coragem de dizer não.
Buscamos o prazer. Buscamos a aceitação. Temos essa necessidade: sermos
aceitos, acolhidos. Queremos nossa tribo, nosso grupo. Queremos ser ouvidos.
Muitas vezes, não temos a menor noção do que estamos falando. Empunhamos
bandeiras. Ora corretas, ora erradas. Temos o direito de errar. Aprendemos com
esse direito. Não temos o direito de acabar com a possibilidade de ter direito.
Nossa vocação é a liberdade. As carrancas da escravidão não podem impedir o voo
do pássaro. Nascemos para voar. O infinito é nossa vocação. Quanto mais
caminhamos, mais sedentos de caminhar ficamos. Eis nosso ofício. Transformar o
que deve ser transformado e nunca deixar de cantar, e de fazer poesia, e de
amar.
Tu és, Senhor, nosso modelo de juventude. Tua vida foi a síntese da revolução
do amor. E é o amor que nos move. Fazemos tudo pelo amor e em busca do amor.
Amor que, quando nos invade, impede que sigamos para a morte. Queremos nos
deixar invadir por esse amor.
Queremos o Teu amor. Amor-paz. Amor-caridade. Amor-vida. Eis o segredo de nossa
eterna juventude. Eis o que pede nossa alma de estudante. O aprendizado que vem
dos livros e dos tratados um dia será esquecido. O aprendizado que vem do
olhar, do sorrir, do amar, do viver, fica para sempre. E fará que permaneçamos
jovens.
Obrigado, Senhor, porque me deste tempo e disposição para, em meio ao vulcão que assola meus
pensamentos, fazer esta oração. AMÉM!
(Gabriel Chalita)
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