Categoria: Crônica
RIP
Segundas-feiras já são difíceis.
Imagine quando algo trágico acontece.
Todos os alunos encontravam-se na
quadra poliesportiva antiga e com cores apagadas da escola Bananal, sentados,
alguns quietos e a maioria aos prantos, chocados.
As fileiras de estudantes que
seguiam de um extremo ao outro da quadra pareciam inquietas, conturbadas e
inconformadas. Afinal, não se podia ignorar aquele acontecimento horrendo: um
professor de matemática que lecionara muitos anos ali tentara atravessar o
braço de uma lagoa, que ficava nas proximidades do município, mas não tivera
disposição suficiente e por isso acabara partindo deste mundo, perdendo a
alegria de viver, para uma inimiga mais forte que seu desespero e sua força de
vontade para sair daquela cilada, daquele pesadelo. Pena que tudo fora em vão.
Era querido por muitos e a ideia
de que ele se fora para sempre, não queria penetrar na mente de seus alunos e
amigos, assim como os finos raios de sol daquela melancólica e triste
segunda-feira, que estavam tentando perfurar as nuvens pesadas e úmidas que
cobriam o tempo.
O clima ameno, as vestes pretas e
as lágrimas que rolavam das pálpebras até o chão, só contribuíam para deixar o
ambiente mais pesado e confuso. Aquela semana que deveria ser uma semana de
alegria e diversão se despedaçara tão fácil como uma porcelana, ou como o vento
que parte as ondas e açoita as árvores. Agora o que restava para aqueles
próximos dias seria a pouca força de vontade, de coragem e de ânimo para que a
escola pudesse trazer de volta as cores para o mundo daqueles alunos que
pareciam ser tão independentes, tão fortes e brincalhões e que depois deste
choque de realidade tornaram-se tão frágeis, fracos e vulneráveis. Afinal, qual
ser humano não demonstra sentimentos assim, quando a vida mostra quão grande é
e como somos minúsculos aos seus acontecimentos?
Passadas as homenagens de alguns
alunos do turno vespertino, estudantes do terceiro ano, finalmente a diretora
fora prestar suas sinceras palavras de conforto para com todos. Parecia estar forte,
porém um pouco abalada e ao final de sua singela homenagem, que não demorara
muito, fechara naquele momento o pequeno tributo feito ao professor.
Poderia terminar essa crônica com
muitos finais diferentes, com muitos jogos de palavras bonitas e com pouca
emoção, mas optei escolher pelo contrário, optei escolher pelo simples e justo,
pelo o que achei dentro dos meus sentimentos pouco revelados. Decidi que depois
que cada palavra deste texto for finalizada, orarei por este professor
novamente pedindo paz por sua alma.
Isso foi provavelmente a coisa
mais simplória que já escrevi e com certeza a mais verdadeira entre todas elas.
Professora: Bernardete Maria
Soave Largura
Aluno: Elizeu Sampaio Junior
Série: 1º V01
O ÚLTIMO DIA
Estava eu em casa relembrando os
momentos bons que já vivenciei, nessas horas bateu uma saudade que me fez
voltar mesmo que por um instante ao passado. Uma volta à infância não tão
distante, onde todos os meus sonhos podiam se realizar, eu podia voar, ser um
heroína, conhecer novos lugares, porém percebi que este tempo já havia acabado
e eu vivia em outra realidade, em outro momento.
Quando cheguei à escola um ar de
tristeza encheu o lugar, em uma segunda-feira, o primeiro dia de uma grande
festa todos inconsoláveis não paravam de chorar por uma grande perda que
obrigatoriamente tivemos que suportar. Um momento de meditação, de revitalizar
as lembranças em nossas mentes, embora a dor estivesse enraizada em nossos
corações, deveríamos continuar, deveríamos tornar “a semana do estudante” num
grande sucesso.
Foi exatamente o que aconteceu
durante toda a semana e o que predominou foi a diversão, e o que aconteceu foi
simplesmente o inimaginável. Sorrisos, brincadeiras, companheirismos, foi
realmente como se tivéssemos voltado a sermos crianças, mas algo me chamou a
atenção. Quando estava olhando cautelosamente, ao meu lado notei a presença de
alguém desconhecido, um garoto com uma aparência que segundo as leis que
definem o belo, é considerado feio. Enquanto todos estavam esbanjando
entusiasmo, ele permanecia quieto. Tentava disfarçar meu olhar, porém não
conseguia esconder minha inquietação, poderia me aproximar, porém minha timidez
não permitiu, no entanto, continuei a observá-lo de longe. Notei a presença de
dois garotos que começaram a fazer brincadeiras ofensivas que baixam a alta
estima de qualquer um. Meu coração se revoltou com aquela situação, mas a falta
de coragem para a defesa daquela pessoa era o que mais me tornava uma
expectadora daquele episódio.
Quando meus olhos já estavam
cansados de ver aquela série frustrante, apareceu um terceiro garoto com um
jeito admirável, não ouvi o que disse aos moleques que estavam perturbando o
pobre menino, só notei o afastamento deles do local, e a meiguice nos olhos do
benfeitor.
Senti-me mal ao notar que poderia
ter feito o mesmo e não fiz. Contudo, me senti bem ao saber que existem pessoas
exercendo a coragem a qual eu não fui capaz. Tudo isso me fez refletir o meu
último dia daquela semana. Foi também o dia em que prometi a mim mesma lutar
contra a desigualdade que tenta inferiorizar seres humanos.
Professora: Bernardete Maria
Soave Largura
Aluna: Èrica P. dos Santos
Série: 1º V01
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